A Borboleta e a Chama
Leonardo da Vinci
Uma
borboleta multicor estava voando na escuridão da noite quando viu, ao longe,
uma luz. Imediatamente voou naquela direção e ao se aproximar da chama pôs-se a
rodeá-la, olhando-a maravilhada.
Como era
bonita!
Não
satisfeita em admirá-la, a borboleta resolveu fazer o mesmo que fazia com as
flores perfumadas. Afastou-se e em seguida voou em direção à chama e passou
rente a ela.
Viu-se
subitamente caída, estonteada pela luz e muito surpresa por verificar que as
pontas de suas asas estavam chamuscadas.
“Que
aconteceu comigo?” – Pensou ela.
Mas não
conseguiu entender. Era impossível crer que uma coisa tão bonita quanto a chama
pudesse causar-lhe mal. E assim, depois de juntar um pouco de forças, sacudiu
as asas e levantou vôo novamente.
Rodou em
círculos e mais uma vez dirigiu-se para a chama, pretendendo pousar sobre ela.
E imediatamente caiu, queimada, no óleo que alimentava a brilhante e pequenina
chama.
- Maldita
luz! – murmurou a borboleta agonizante – Pensei que ia encontrar em você a
felicidade e em vez disso encontrei a morte. Arrependo-me desse tolo desejo,
pois compreendi, tarde demais, para minha infelicidade, o quanto você é
perigosa.
- Pobre
borboleta! – respondeu a chama – Eu não sou o sol, como você tolamente pensou.
Sou apenas uma luz. E aqueles que não conseguem aproximar-se de mim com
cautela, são queimados.
Esta
fábula é dedicada àqueles que, como a borboleta, são atraídos pelos prazeres
mundanos, ignorando a verdade. Então, quando percebem o que perderam, já é tarde
demais